Rumo
ao Jalapão
Dessa
vez, a moto já estava montada do dia anterior. Era um domingo,
daqueles preguiçosos... mas acordei ali pelas cinco da manhã –
Tinha um longo dia pela frente.
O
primeiro objetivo antes de alcaçar o deserto seria a capital do
nosso país, Brasília, distante 1150 quilômetros. Uma reta sem fim.
A chuva vinha, voltava, ameaçava, molhava e a mão travada no
guidão, o acelerador na mesma posição por horas a fio.
Interessante
é a passagem entre o triângulo mineiro e o centro-oeste, onde a
Anhanguera duplicada vira pista simples e sem acostamento, sem aviso
e exatamente a partir da placa de divisa. Ali também uma mata
exuberante substitui as plantações de São Paulo e Minas Gerais.
Tendo
saído de Taubaté as seis da manhã, cheguei molhado, sujo e fedido
em Brasília as nove da noite.
Durante
todo o caminho, pensava nos pneus offroad que estavam amarrados na
moto, e se realmente seriam úteis. A vontade era jogar eles no mato,
principalmente quando cheguei em Brasília e só consegui pousada num
hotelzinho que parecia de filme policial, aqueles onde ficam os
bandidos escondidos, sem garagem, e tive que levar os pneus pra
dentro do quarto comigo. Paguei caro (R$100) e com o pior café da
manhã que já tomei em uma pousada. Amanhã quero chegar ao
Tocantins.
Acordei
melhor que imaginava, conseguia me mexer e não sentia (tanta) dor
nos fundilhos. Dei uma volta pra conhecer Brasólha, um salve pra
presidanta, e toca pra BR!
Brasília
realmente é retrato do país e do povo: A ideia até que era boa,
mas descambou pela falta de planejamento na expansão e falta de
manutenção. A mim, bicho do mato, não agradou. Pelo menos os
motoristas me pareceram educados – alguns até dão seta!
Na
estrada passei por várias placas indicando a Chapada dos Veadeiros.
A intenção inicial era ir ao jalapão e parar lá na volta. Mas eu
não sou de me ater a planos escritos... então, sob insistente
chuva, passei por Alto Paraíso e segui, como se mostrou tendência
nessa viagem, com a proa apontando à chuva, até a divisa GO/TO.
Estava no norte do nosso continental país! Sensacional! E o céu,
aqui, azul e limpo!
Tocantins
surpreende desde a divisa. O asfalto já muda, como a saída do
sudeste para o centro-oeste no dia anterior. O asfalto liso dá lugar
a muitos e perigosos buracos, locais ainda sem calçamento, (poucos)
caminhões ziguezagueando desviando. Excelente, era o que procurava!
O Tocantins, meus amigos, é bruto!
As
imagens ainda estão na mente, as belíssimas serras, o verde da mata
rasteira, o calor infernal. Decidi parar em Dianópolis, a 850
quilômetros da nossa capital, entrada sul do jalapão, pelo horário
e devido a uma ameaçadora e enorme tempestade que se aproximava. Os
ventos jogavam a moto pela estrada como um barco à vela.
Peguei
uma pousadinha no mesmo nível de Brasília, mas com garagem e preço
justo: R$40. E o segundo pior café da manhã que já tomei em
pousada. Amanha encaro um pedaço do deserto! Vou tentar dormir à
noite!
Brasólha |
Divisa de estados |
Entrada da chapada dos veadeiros |
Estrada após Alto Paraíso/GO |
Divisa de estados e regiões, emoção incrível! Norte do nosso país! |
E cenário digno na national geographic |
Assim chego ao Jalapão. E senta que lá vem história, logo logo a pare do Jalapão aparece!
Bacana
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