segunda-feira, 30 de julho de 2018

Reviravoltas e a TR4nqueira

Saudades de escrever aqui. Parece que quando as coisas começam a ir bem, ou você acha que estão, vem a vida e, como Joseph Climber bem sabe, muda todos os parâmetros.

Resumão desde a última postagem:

Em novembro/16
Trouxe a Tenere de Pernambuco em um Ironbutt SS2500 (2500km em 36h) em dezembro/16
Em fevereiro/17 descobrimos que havia um minime a caminho.
Em abril/17 eu saí da empresa onde trabalhava.

Fiquei desempregado, com um filho a caminho e um apartamento e a faculdade pra pagar. Viagens se tornaram um luxo supérfluo.

Em outubro/17 minha vida mudou de vez com o nascimento do meu filho. Nunca imaginei que iria passar por uma mudança tão drástica como pessoa.

E em abril de 2018, sobrevivendo como autônomo para não deixar a chama apagar, consegui um bom emprego. Quitadas as contas e acertados os débitos, simplesmente não via motivação para viajar. Não conseguia pensar em sair de perto do meu filho: tudo que eu quero é que ele possa curtir comigo.

Então, como a moto foi relegada a um meio de transporte para ir e voltar do trabalho, resolvi vendê-la para realizar um outro sonho de muitos anos: um 4x4.

Depois de muita pesquisa definimos o modelo, e por acidente achei uma exatamente como queria aqui na cidade. Tudo certo, ok do mecânico e da vistoria, tchau tenere, olá Tr4anqueira!





A Tr4anqueira é uma Mitsubishi TR4 2010, flex, adquirida com 137000km. Da cor que eu mais gosto para carros, e que já se mostrou absurdamente capaz de me levar com a família pra onde eu quiser.

Agora é ir deixando ela cada vez melhor para as viagens que se seguirão!

E a propósito, esse é o Eduardo. Ele mandou avisar que quando alcançar os pedais, ninguém segura!


Por enquanto é isso!

Fizemos pequenos passeios para acustumar com o carro, já foram quase 4000km, e agora é hora de começar a voar mais longe.

Até a próxima!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Iron Butt - Um novo passo, uma nova etapa da vida.

Primeiramente peço desculpas por tanto tempo sem postar. A vida tem estado uma loucura.

Bom, pouco depois da viagem à ilha comprida, nós resolvemos comprar um imóvel, e para isso, em novembro, acabei me desfazendo da laranjinha. Ainda dói no coração, mas foi por uma boa (excelente) causa.

Conversando com meu pai, ele me ofereceu a Tenere que levei pra ele nos primeiros posts deste blog, pra me ajudar mesmo, e já que ele não estava usando e ela estava enferrujando de frente pro mar em Recife.

Então assim que concretizei a entrega da laranjinha, comprei a passagem de avião e fui buscar a Lenda. Por alguns compromissos, acabei pegando a passagem pra sexta feira a tarde, e eu teria apenas 3 dias pra descer até Taubaté.

Montei um roteiro descendo o máximo possível pela 116 que é bem movimentada e tem vários pontos de apoio 24h. A idéia era fazer 800km por dia em três dias, praticamente o mesmo que fiz na descida em janeiro mas por um caminho mais fácil.

Sei que as condições ajudaram muito, mas no final fiz em 36h os 2500km, com uma parada pra dormir 5h.

Saí de Recife ao meio dia, pois a saudade segurou a gente, com direção à Paulo Afonso/BA. O sol estava rachando, calor absurdo, mas a estrada é muito boa apesar de alguns buracos perdidos e de poucos postos neste trecho. A chegada à BR116 fica pouco depois de Paulo Afonso, cheguei com o sol se pondo, a temperatura ficando agradável e a estrada nesse trecho, muito ruim. A 116 até Feira de Santana é terrível, muitos caminhões, lombadas e buracos, mas tranquila do ponto de vista de apoio.

Cheguei em Feira e pensei em parar, mas estava tão gostoso de pilotar a noite, e a estrada melhorou tanto, que fui seguindo. Parei uns 100km pra frente, num hotel qualquer de beira de estrada, por volta das 22:30. tomei um banho e apaguei na cama horrível.

às 3:30 da manhã eu acordei e não conseguia mais dormir. Tentei mais um pouco mas não deu, e resolvi subir na moto.

As 4h saí dalí, e pouco depois o sol nascia já perto da divisa com MG. Começavama aparecer as curvas na estrada, o tempo seguia muito bom. E assim foi até Além Paraíba, divisa MG/RJ, onde cheguei já anoitecendo. Ai na minha mente já pensei, porra, to no RJ, do lado de casa! Vou dormir na minha cama hoje!

Começava a gotejar, uma chuva leve. Entrando na estrada do aço anoitecia e apertou a chuva. Poucos quilometros depois desabou a chuva e eu seguia, com a sorte de ter os faróis de milha funcionando bem. Algumas horas depois cheguei na dutra na altura de volta redonda, e ai liguei a patroa pra avisar que estava chegando. Perto da meia noite, cheguei em casa, cansado, molhado e com muito sono, depois de 20h de pilotagem constante.

A bunda demorou duas semanas pra parar de doer... hehe.

Em toda correria tirei apenas uma foto, numa parada após feira de santana:
Parada após Feira de Santana

A lenda já no estacionamento da fábrica, já com alguns acessórios da laranjinha.


Bom pessoal, então, daqui pra frente, essa será minha maior companheira de viagens. Tenho planos ousados pra ela, que incluem o fim do mundo... quem sabe! Fiquem ligados nesse mesmo canal no mesmo horário!!!

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Ilha comprida - 09/09/16

Ilha comprida

Há tempos aguardava a oportunidade perfeita para conhecer o litoral sul de SP. A parte norte, com acesso mais fácil a quem mora no vale do paraíba, eu já havia “mapeado” muito bem: conheço cada cantinho.
A travessia da Ilha Comprida, os muitos quilômetros de areia estavam no topo da lista.
Saí de Taubaté na parte da tarde. Com os recentes acontecimentos, evito ao máximo andar em Sampa de moto, então desci ao litoral pela Mogi/Bertioga e rumei ao sul, passando por Guarujá, Santos, Peruíbe e etc. Chega-se à Régis Bittencourt e algusn quilômetros depois pega a saída sentido Iguape/Ilha Comprida.
Ilha comprida é uma cidade espalhada, e muito calma e pacata. Chegando em Iguape, é só atravessar a ponte.
Infelizmente parece a crise pegou lá de jeito, e além de quase todos os campings estarem fechados e com placa de “Vende-se”, mal há iluminação nas ruas a noite. Asfalto em meia dúzia de ruas fora a da orla.
Depois de perambular pelo centro em busca de um camping, sem sucesso, segui rumo ao norte, onde alguns quilômetros pra frente encontrei a Pousada e Camping Beira Mar (que, diga-se de passagem, também estava com placa de “vende-se”), onde iria montar a barraca por R$30, até o dono oferecer um quarto por R$40... e ali fiquei.
O percurso do dia era conhecer o norte da ilha pela manhã, chegar em Cananéia à tarde, para no próximo dia, durante o retorno, fazer a famosa trilha do despraiado na volta pra casa.
Saí em direção às dunas, e resolvi que queria tomar café. Virei, voltei e alguns kms depois de passar na pousada, o pneu traseiro fura.
Resolvi voltar pra pousada e tentar trocar a câmara sozinho, e, pasmem, com muito orgulho, posso dizer que pela primeira vez na vida consegui trocar uma câmara sem estragar ela. Mas como a fita de proteção que fica na cabeça dos raios se perdeu, sabia que era questão de tempo até furar a câmara nova. Isso me tirou um pouco o tesão.
Fui calibrar direito o pneu pra assentar o talão, aproveitei pra abastecer e tomar um café, e voltei conhecer o norte.
Me diverti nas dunas, um parque de diversões pra quem gosta de offroad. Só me faltava uns pneus melhores, já que com pneus lisos não havia tração pra subir nas dunas. Me diverti ali por um tempo. Fui conhecer a vila que fica no extremo norte da ilha, e voltei. Cheguei na pousada, arrumei as coisas pra ir embora e com tudo arrumado olho no relógio: ainda eram 11:00h.
Resolvi seguir pra Cananéia, sem pressa. Fui pela avenida principal até acabar o asfalto, segui mais um pouco. De repente a estrada sumiu, só tinha grama. Aí não teve jeito, atravessei a faixa de areia fofa e cheguei a orla, onde já avistava alguns carros andando.
Pouco tempo depois, passo um CrossFox parado. Antes de um riozinho, parei pra tirar fotos e ele resolveu atravessar o rio mais perto do mar. Mau negócio. Não sei o que aconteceu, mas o carro parou e não ligava mais. Consegui, às custas da minha enbreagem, puxar o carro pra areia seca. Como não conseguiria fazer nada, segui viagem.
Nenhum vídeo que vi da ilha faz juz a sua beleza. É muito bonito! Também colaborou que o dia estava perfeito, com um belo céu azul. Segui sem pressa e logo me vi esperando a balsa. Ao olha no relógio, ainda eram 12:30h!
Em Cananéia, almocei num restaurante lá e tentava pensar o que fazer. A moto já não me deixava confortável: a embreagem patinando, a câmara com grande possibilidade de furo e não ter uma câmara reserva, me deixava apreensivo. Enquanto almoçava, olhei no GPS e ele dizia: seis horas até casa.

Resolvi seguir. Saí de Cananéia as 14:00h, cheguei em casa as 20:30h, cansado, e com vontade de voltar.
Quarto



Steve em ilha comprida!



















terça-feira, 30 de agosto de 2016

Parte 5 - Plano de emergência

Plano de emergência
     Seis horas, um café, uma despedida. Ela, trabalho, eu, folga inesperada, direto pra estrada.
Mil destinos vieram à minha mente, mas a previsão do tempo removeu novecento e noventa e nove.        É, pra baixo mesmo.
     O clima tentava me dissuadir, mas confiei na previsão. Subi a Tamoios, peguei a marginal como sempre com o cu na mão, e segui sentido Sorocaba conhecer a famosa Rastro da Serpente e suas mil de duzentas curvas. A única coisa que tem mais que curva lá, é buraco e caminhão. O lado paulista não tem nem vista bonita.
      No bar do rastro da serpente, lá em campo belo ou algo assim, um brother muito gente boa restaurando uma cb450 puxou assunto e conversamos um bocado.
      Dei uma paradinha em Apiaí tirar a foto obrigatória e segui para o lado paranaense, com uma vista sensacional, mas com mais buracos ainda. Mas esse trecho vale todo perrenge, é lindo demais!
      Chego perto de Curitiba e me desvio para Morretes, contornando por estradas de terra até a entrada da sensacional Estrada da Graciosa. Desço a serra babando no visual e deixo pra tirar fotos no outro dia. Paro num camping logo ali, “Recanto das Cachoeiras”, a R$20, de frente pra uma queda d'agua e com uma trupe de cachorros contentes.
     Fui conhecer a cidade de Morretes, muito bonita, a famosa organização e limpeza dos paranaenses se faz presente, cidade muito agradável. Enquanto admirava a orla da cidade à beira do rio, uma picada no pescoço muito dolorida... Voltei pro camping onde depois de um banho gelado e um de chuva até chegar na barraca preparei um cupnoodles e apaguei. Essa noite caiu o mundo, choveu demais.
      Acordei atrasado, ainda cansado de ontem. Desmontei o acampamento e saí, sem me lembrar de fazer a olhadinha básica na moto antes.
      Chovia, aquela chuva chata que só faz sujeira. Cheguei a cogitar voltar. Mas já estava ali, e missão dada é missão cumprida.
Não demorou a me lembrar: numa das primeiras curvas subindo a Graciosa, a corrente escapa e dou um cavalo de pau involuntário no meio da estrada, por sorte sem cair. Arrasto a moto com a roda travada até o canto da estrada onde fico um bom tempo até conseguir consertar a cagada e esticar direito a corrente.
O paraná deve ter ficado triste com a minha partida, pois parece que chorou da hora que acordei, até exatamente a hora em que entrei em Santa Catarina. Na divisa, céu azul e asfalto seco!
Santa Catarina foi uma surpresa agradável. Minas ainda é o estado do meu coração, mas Sta Catarina está bem perto! Segui pela 101 até pouco antes de floripa, entrei pra uma estrada secundária onde havia até um trechinho offroad, e um visual sensacional dos picos a caminho de Urubici, onde estou em um dos campings mais sensacionais que já fiquei, o Nossa Senhora, a R$35 com café da manhã e chuveiro bem quente.
São três serras mais conhecidas no sul brasileiro, todas na divisa SC/RS. Meu objetivo era fazer todas.
Depois do sensacional café do camping Nossa Senhora e de um bom papo com o dono, fui conhecer o Corvo Branco, escavada na pedra para não precisar de construir um túnel, e, segundo algumas pessoas da área, é deixada destruída deliberadamente pelos governantes devido à conflitos por terras em reservas.
No caminho, parada para subir o Morro da Igreja (agendado previamente, no fim do dia anterior), perfeito pra ficar contemplando a vista lá de cima, mas tinha muita gente mesmo tendo ido bem cedo. Tirei as fotos clássicas e desci, parando na cachoeira logo no final chamada véu da noiva, totalmente sem graça e com o nome mais não-criativo da história.
Pensei em descer o corvo branco e subir pelo rio do rastro, mas fui desencorajado. “Não há nada bonito lá em baixo”, disseram, e assim fui enganado. Desci, virei, subi e fui descer pela SRR. O corvo branco é a estrada da morte brasileira. Desfiladeiros desprotegidos, muitas pedras e buracos. Mas um visual que compensa qualquer desafio. E na calma, não oferece (tantos) riscos.
Retornei a Urubici e toquei pra Bom Jardim da Serra, passando na saída da cidade pela linda cachoeira do Avencal, com uma excelente área de camping. Na próxima fico uma noite por lá.
Já com relação a SRR, não vou me alongar: é tudo que dizem e muito mais, e não há foto que faça jus a essa maravilha. Uma palavra: vá!
Pensei em subir novamente a serra no final e tentar ficar em São José dos Ausentes, mas me deixei levar e fui procurar algum lugar no litoral (troféu anta de ouro), em pleno sábado.
Parei na primeira cidade que o mapa de campings dizia ter um. Ao chegar, desativado. Com a maior falta de vontade do mundo um cara apareceu e disse que o camping não funcionava mais. Procurei e não havia outro na região de Araranguá. Parei num posto para pensar o que fazer, e a atendente disse pra seguir até a próxima cidade, Sombrio (que nome hein!), que lá com certeza haveria.
Tranquilidade total, só que não. Consegui um camping de frente pra praia, na avenida principal. A cidade estava relativamente vazia. Estava.
Era próximo das 21:00h quando a noite chegou. Fiquei um bom tempo conversando com o vizinho de barraca, mecânico de barcos de porto alegre bom de papo. Fui dormir.

A noite é uma história a parte, já que logo que entrei na barraca pra dormir, um filho da p%$* vi@*$ co#@$ parou uma po@#$ duma L200 com som até no rabo do lado de fora do muro exatamente ao lado da barraca e deixou tocando até o talo, até o dia amanhecer, com eventuais brincadeiras de pega pega com a polícia. Malditos farofeiros hermanos!!! É pura e destilada falta de respeito.
Mas amanhã é outro dia, e longe daqui.
Queria relaxar e dormir até tarde, para chegar em Porto alegre no final da tarde, mas fiquei tão puto que resolvi acordar cedo e conhecer as serras que faltavam.
Desmontei acampamento o mais rápido possível e vazei daquele lugar traumatizante. Inicialmente a ideia era curtir a praia e ir à tarde para Porto alegre, mas resolvi subir (e descer) de novo a serra, afinal, por quê não?
Subi sentido a serra da Rocinha, terceira mais famosa da região, na bela cidade de Timbé do Sul, onde ainda voltarei pra conhecer melhor. No pouco tempo que fiquei na cidade, achei várias cachoeiras, locais ótimos e usados para camping selvagem, estradas desafiadoras e tudo que a gente procura numa aventura. Como não queria me demorar, subi a serra, nada demais pra quem já pegou as estradas de terra da mantiqueira, mas um visual sensacional! Havia um mirante logo acima da serra completamente deserto (quer dizer, fora as milhares de libélulas) que deve ser ótimo pra acampar à noite. Se tivesse chegado depois do almoço com certeza teria ficado ali.
Subo mais um pouco e no verdadeiro final da serra, na divisa SC/RS, um mirante mais alto, mas quando cheguei estava habitado pela Polícia Federal com direito a helicóptero e tudo.
No final da estrada encontra-se São José dos Ausentes e a diferença entre SC e RS torna-se muito visível. SC é muito mais estruturado e muito mais arrumado que o RS. Saí de São José e segui para Cambrá do Sul, terra dos cânions, mas não ficaria muito por lá hoje: volto logo! Passei a cidade e decidi descer pela quarta e ultima serra do sul brasileiro, a qual não me lembro o nome, em direção à Praia Grande/Torres, que estava em manutenção em todo o seu percurso, E ao nível do mar, aponto pro sul e com direção à Porto Alegre.
No pedágio da Freeway, sinto a moto pesada, mas não me preocupo. Pelo GPS, consigo chegar em POA no lugar certo, conhecer parte da família que nunca havia conhecido. Prazer em conhecê-los! Amanha segue a viagem!
O celular não desperta, e acordo na hora em que deveria partir, um café demorado com gosto de despedida da recém-adquirida amizade familiar, moto preparada e... pneu dianteiro furado.
Corrida rápida ao borracheiro e R$15 mais pobre parto em direção à Cambará, três horas atrasado. Então, sem pressa!
Dessa vez o caminho é todo asfalto, E rapidamente chego. Logo procuro um camping e encontrei a Fazendo Pindorama (R$20). Deixei a barraca montada e as tranqueiras tudo lá, e toquei pro Cânyon Fortaleza, o que não é pago. Fazer a trilha toda, 1700m, em botas de trilha (de moto, claro) não foi fácil. Descer também não. Mas lá de cima, tudo é compensado. Simplesmente sensacional, uma das vistas mais belas que já vi.
Era visível o acúmulo de nuvens se formando e rapidamente saí dali, não sem antes hidratar um arbusto lá, pois não tem estrutura nenhuma o lugar.
Parecia planejado, subi na moto, a chuva chegou, forte. “Uma pena” que tive que desistir da
trilha da pedra do Segredo.
Aproveitei pra comprar erva-mate no centro antes da chuva me alcançar de novo, fui pro camping onde a barraca já estava encharcada. A chuva chegou logo, e fiquei fazendo hora na cozinha. Se ficar essa chuva a noite, vou dormir aqui mesmo.
Tentando dormir, a chuva parando, gemidos me acordam. “Alguém tá com sorte hoje”, pensei.
Tentei dormir novamente, mas os gemidos ficaram altos, até uns gritinhos saíram. Resovi ir pra cozinha comer alguma coisa até o povo sossegar.
Enquanto preparava algo, o casal de uma outra barraca aparece na cozinha. Mas os gemidos continuavam, e altos! Catzo, agora não entendo mais nada.
Ficamos conversando na cozinha, quando da terceira e ultima barraca do camping saem dois adolescentes (dois caras), que quando perceberam que todo mundo tinha escutado e acordado com a bagunça toda, ficaram vermelhos. E pelo jeito, quando os gemidos ficaram altos, tinha sido “a troca”, se é que você me entende.
Quando acordei eles já não estavam mais lá, vazaram de madrugada.
Agora apontando norte, voltando pra casa, era a hora. Demsontei acampamento, dando risada dos acontecimentos da noite anterior, o tempo ameaçava chuva, e assim saí.
Passada no Itaimbézinho pra conhecer, mais estrutura, e pago. De novo, trilha de bota offroad não é nada legal. Mas fiz mesmo assim tudo que podia por lá. O Itaimbezinho é lindo, apesar de que a vista do fortaleza é melhor. No conjunto o itaibezinho leva pelas cachoeiras e muitas trilhas da região. Por ali fiquei quase até a hora do almoço, e decidi que dormiria novamente em Urubici na volta.
Agora algo que nem todo mundo sabe. Nessa região do RS/SC, quase nenhuma estrada é asfaltada. Quase tudo é terra, e algumas são bem ruins.
Dito isso, segui rumo São José dos Ausentes, onde uma garoa fina começou. Dali fui seguindo as placas para Bom Jardim da Serra, no topo da SRR, pois tinha a intenção de descer e subir novamente a serra.
É, não deu. A chuva apertou, e a estrada foi afinando, ficando cada vez mais difícil, até que me toquei que tinha errado o caminho. Eu já não enchergava mais nada cheio de lama na viseira do capacete, e em mim todo já que a porr* da capa de chuva não serve pra nada. A chuva chegou de vez. Estava frio pra caramba. Na chegada a Divisa RS/SC, nem vi uma cancela que tinha no meio da estrada, passei pelo cantinho e continuei, chovia torrencialmente. No meio de uma curva bem fechada, dei de cara com um boi e quase nos trombamos. Cada um correu pra um lado. Eu estava realmente com MEDO, pois em alguns lugares eu pilotei na altura das nuvens e raios muito próximos de mim. Mas eu não tinha onde parar! Tive que continuar.Já próximo de Bom Jardim, a chuva dá uma trégua e no lugar vem neblina. Mas cheguei em Bom Jardim tão na merda que não quis passar na SRR e só queria continuar sentido o céu limpo que avistava na direção de Urubici.
Resolvi que pararia no mesmo camping da ida. Lá tinha cobertura pras barracas, excelente! Então até lá toquei. Cheguei até cedo, claro ainda. Montei a barraca, tomei um banho e apaguei. Estava extremamente exausto. Pela previsão, resolvi não perder tempo. Era hora de ir pra casa.
Despertou o celular às cinco. Frio do caramba, voltei a dormir. Às sete levantei e tomei o rumo de casa. Desci de urubici até a BR101, neurótico torcendo pra não ter nenhum trecho sem aslfalto no caminho (e não tem mesmo).
Na 101, sem surpresas passado o trânsito caótico de floripa, toquei o barco. Algumas horas depois passava a divisa SC/PR, Curitiba, e a divisa PR/SP, tudo em baixo de chuva. “Estou em casa!” pensei.
Na Régis Bittencour, a chuva foi piorando, piorando até que era impossível pilotar. Sentia a moto aquaplanar contantemente e os carros na pista não passavam de 60km/h. Foi a pior chuva que já peguei em cima de uma moto. Parei em um posto, já era depois da hora do almoço, comer alguma coisa e aguardar a chuva passar.
Passam um par de horas e nada. Chuva torrencial. Decido subir na moto. Pneu dianteiro furado! Porra!!! O borracheiro já tinha ido embora. Calibrei o pneu com 50 libras e toquei o barco. Eu tinha as ferramentas e uma câmara, mas vontade nula. Hoje eu chego em casa nem que seja empurrando a moto!
Consigo chegar até o rodoanel em sampa, aí o pneu zera. Vou até a marginal tietê com o pneu zerado, calibro de novo com 50 libras e sigo.
Chego na Airton Senna com o pneu zerado. Paro no posto de sempre, o B&G logo antes do primeiro pedágio, calibro de novo com 50 libras e toco.
Perto do pedágio de guararema o pneu zera de novo. Sigo com ele zerado até o Frango Assado em São josé dos campos. Já estou aqui caralho, não vou ficar na estrada!!! Boto 50lb de novo. Na saída do posto, já percebo o pneu murcho. Dura até a saída da Tamoios. fod*-se essa merd*, vou assim mesmo!
Chego no recém-fundado posto Olá, a poucos quilômetros de casa. Calibro com 50lb de novo, mas agora o pneu já não enche mais. Vai assim mesmo.
Em Taubaté, Paro em todos os postos possíveis na cidade até chegar em casa, as 22:30h, com a moto mal parando em pé por causa do pneu.
Feliz e realizado, deixei a moto carregada no quintal, entrei e dormi como há tempos não dormia. Quando passar a dor na bunda eu vou lá mexer nela.

E assim, termina a minha viagem mais longa até o momento, 13500km, em 30 dias rodando, dezessete estados e as cinco regiões do país. Obrigado pela companhia na garupa e logo nos vemos novamente.



Rastro da Serpente a caminho de Curitiba

Portal da Graciosa

Morretes/PR

A caminho de urubici!


Chegando em urubici





Camping em Urubici/SC



Pedra furada

Sempre achei que fosse mais perto





Corvo Branco, serra sensacional!



Subidinha da Corvo branco


Cachoeira logo ao lado de urubici


Descendo o Rio do Rastro 

O pedal de marcha queria ficar por lá....

Camping no infern... quer dizer em Sombrio/SC




Vai achando que tá fácil! 

Topo da serra da Rocinha


Visitantes ou residentes?



Cânyon Fortaleza









Camping dos animadinhos


Itaimbezinho!












E assim, termina minha jornada. Espero que tenham gostado do relato e das fotos!