terça-feira, 28 de maio de 2013

POR QUE TROCAR DE MOTO? UP

Andando por aí na net, e depois de ter chego na sétima moto, percebendo que no fundo todas fazem a mesma coisa, comecei a pensar no motivo que nos leva a trocar de moto.

O amigo Peterson do Tenereclub montou um texto que condensa quase todos os meus pensamentos sobre o famigerado “UP”. O texto está aqui:

1. Trace seus objetivos.
O UP precisa ter um motivo, e um objetivo. Não se deve upar apenas porque juntou o dinheiro, ou para aproveitar a promoção, ou "porque isso é natural", ou porque agora você é um sujeito de sucesso na vida e pode manter uma moto maior.

Tem gente que gosta de correr, tem gente que gosta de trilha, tem gente que gosta de asfalto lisinho, tem àqueles que gostam apenas de uma voltinha aos domingos. Há um milhão de preferências, descubra a sua. 

Para isso você não precisa "UPAR" - pega a magrela que você já tem e ande até ser tocado por aquilo que eu chamo de "vocação motociclística" - se ela continuar te servindo só UP quando as despesas por velhice estiverem te impedindo de curtir a moto - mas suba de ano, e não de moto.

Você precisa primeiro descobrir a sua paixão em duas rodas, e isso te servirá de norte na escolha do "UP" - qualquer outro fator que te leve a escolher te frustrará com o tempo. Também tem aqueles que querem ficar pulando de galho em galho. Aí vai da pessoa.

A minha paixão são as estradas.  

Comprei a moto para me facilitar a vida na hora de estacionar (então a pequena Fazer me atendeu), mas com o tempo isso foi além.

Certo dia senti um impulso tão forte que, do nada, peguei a Fazer e andei 800 km direto, sem equipamento, 
sem preparação, sem nada - fiquei com o corpo todo estourado, mas a alma lavada. Depois disso foi que comecei planejar meu "UP", de acordo com meus objetivos: viagens, longas viagens, por qualquer terreno, para qualquer lugar.

Adoro as Harley, acho que são tudo de bom. Quase comprei uma HD, mas pesquisando, andando, observando, vi que ela não serviria para mim, ou melhor, para a minha meta. Ela é limitada para aquilo que eu faço. Ela não anda no barro, na terra bruta, ela não atravessa rios. Entende o que eu quero dizer?

2. "UP" elevado ao cubo

Se você tem uma CG125, mas sonha com a GS800...JAMAIS compre a GS650.
JAMAIS compre a moto "x" porque o seguro dela é menor, ou por isso, aquiloutro. Vá por mim, gaste tudo de uma vez, compre a que você quer logo de cara, mesmo que demore um pouco mais.

Subir degraus é mais caro que pular direto.

Você almeja a GS800, mas tem uma CG. Monetaria e hipoteticamentemente falando: a CG custa R$7.000, a GS800 R$40.000, e a GS650 R$27.000.

A diferença entre a CG e o seu sonho é apenas 33 certo?

Daí você pensa: "não tenho 33, mas tenho 20, então eu vou comprar uma 650, depois de um tempo eu pego a 800". Cara, você é muito ruim de matemática.

Sua GS800 vai custar muito mais do que os 33 que você inicialmente imaginou.

O motivo é simples, na hora de dar o UP intermediário você terá que pagar a desvalorização da CG, e na hora do UP final pagará também a desvalorização da 650, além do preço da 800 (que ficará sempre o mesmo - dando a falsa impressão de que você está fazendo a coisa certa). Mire nas diferenças, e não no preço.

Pegarão sua CG por 5: preju de 2
Pegarão sua GS65 por 23: preju de 4
No final você pagará 46.000 reais pela GS800.

Agora o pulo do gato: a diferença - que era de 33 - subiu para incríveis 39 mil reais (quase o preço da própria moto).

Viu como você tomou um enorme prejuízo, e acabou demorando mais para alcançar o que queria.

3. Moto é também um quebra-cabeça cuja graça está em montar.

Todo motociclista que se preza sempre tem uma lista de motos, acessórios, de desejos, de peças que NUNCA, JAMAIS, estará completa. A gente sempre precisará de uma jaqueta melhor, bota melhor, baú maior, uma BMW, KTM, etc. Muitas vezes é mais prazeroso escolher essas coisas do que efetivamente usá-las.

Então, se você pensa que a compra de uma moto maior vai apagar seu fogo, esqueça. Sempre há uma maior, sempre há uma lacuna, sempre há uma peça faltando. Por quê? Já respondi e repito: moto é um quebra-cabeça, quando a gente terminar de montar perde muito de sua graça.

Você pode até sossegar, mais isso vai durar apenas algum tempo.

Quantos caras você conhece que passam mais tempo montando AS motos do que montando NAS motos? 

Eles não estão errados, é delicioso equipar as magrelas, faz parte do jogo, da brincadeira.

Não se iluda, não há vacina contra isso.

4. Se você consegue ser feliz com a 250, uma 660 não o fará MAIS feliz.

A felicidade não se mede em cilindradas.

Quem vendeu as cuecas para comprar uma moto gigantesca pode até ter vergonha de admitir, mas eu sei que, pelo menos uma vez, se pegou pensando que a pequena lhe deixava tão feliz quanto à grande.

Não é verdade que só os ricos são felizes.

Aquela coisa de pensar: "ah se eu tivesse dinheiro seria uma cara melhor" é uma forma de justificar nossa 
chatice.

Cara, se você tem uma moto, e sabe usá-la, se você está aqui lendo isso, é porque já descobriu a delícia das duas rodas, você não precisa adiar sua felicidade, seja feliz agora. Pegue sua pequena e parta, engula estradas, a hora é agora, amanhã ninguém sabe.

O único equipamento que você precisa é sua vontade.

5. A moto do meu vizinho?

Sua relação com a moto é algo individual, entre você e ela e MAIS NIGUÉM (as patroas que me perdoem, mas a gente precisa de momentos a sós com nossas possantes).

Conheço gente que compra um carro não porque ele lhe é útil, mas sim porque ele é melhor do que o do vizinho; porque ele é mais bonito; troca a cada dois mil km; se enche de prestações pagando até 3 vezes mais que o preço justo. Acho que você também conhece gente assim.

Na sociedade atual o carro é mais um símbolo de status, do que um meio de locomoção.

Não caia nessa armadilha quanto à moto. Moto não é um "bem de consumo" é um bem pra "lavar a égua", é algo quase espiritual, te fará transcender a fronteira entre realidade e sonho. Isso independe das dilmas que você tenha pago nela.

Se você comprar uma F800 porque seu vizinho tem uma e vive te dizendo que ela é melhor do que a sua 
T250, você deveria passar o boleto para ele pagar.

6. Com minha moto grande, também serei grande?

Quando estou queimando as estradas com a fazer250 é muito comum eu ser ultrapassado por R1, BMW, 
Té66, Xt, etc. etc. Os caras fazem questão de esgoelar e jogar as motos em cima da minha, enrolando cabo. Acho que as pessoas fazem isso para esfregar na minha cara que elas são gente de sucesso.
Não entendo como alguém pode ter prazer em algo assim. Se você é um desses que gosta de "tirar onda" (então precisa "UPar" para ser mais respeitado), cuidado. Pode ser que na próxima curva você esteja no chão, precisando da ajuda daquele carinha da 125 que você acabou de atropelar com sua poderosa Multistrada.

Muito embora sua R1 seja para poucos, O CHÃO É PARA TODOS - seu macacão da alpinestar, só porque custou o preço de uma ybr, não vai te salvar de uma carreta carregada descendo a serra, ou mesmo de um tombinho parado... pense nisso.

Sabe uma das coisas que eu mais gosto de fazer quando estou em cima da Té66? é acompanhar o passo do pessoal das CGs, das scooters que encontro nas estradas. É cumprimentá-los, desacelerar e andar junto com eles. Nossa, eles ficam muito loucos de ter uma monstra no meio deles. E eu me sinto muito feliz por dar aquele momento às pessoas. Infelizmente amigos, é o mais perto que a maioria chegará de uma té, de uma viagem internacional, e sentir-se unidos pelo ideal motociclístico é algo que deve ser compartilhado. Na estrada somos todos iguais, é gratificante você alimentar amizades e sonhos - façam isso, depois me contem se não foi mais legal do que deixá-los comendo poeira com sua atômica 4 cilindros.

Então, compre uma moto maior, mas deixe que apenas ELA SEJA MAIOR, continue você do mesmo tamanho.

7. A grande NÃO é necessariamente melhor que a pequena.

A relação entre elas não é de melhor-pior. Cada uma tem seu valor no seu habitat específico. Em certos momentos uma menor se sairá bem melhor que a grande.

A gente é induzido a pensar que tudo que é mais caro, mais alto, mais forte, mais rápido é melhor. Mas isso não é uma verdade absoluta. Desafie seu amigo da R1, ou da Harley Electra Ultra Mega, a lhe acompanhar com sua Té250 num off radical.

8. A grande não é mais segura.

É obvio que mais cilindradas facilitarão sua vida na hora de ultrapassar, mas isso não é determinante numa viagem de moto. Quando estou de moto nas rodovias não estou ali para CHEGAR, chegar é só um detalhe. 

Estou rodando pelo prazer de rodar, curtindo o momento.

Pressa e motocicleta são coisas inconciliáveis.

A gente ouve dizer por aí que "a moto de maior cilindrada é mais segura" "você pode andar a 120, 130 e fazer ultrapassagens seguras e com confiança".

Já ouvi dizer também que uma moto pequena é perigosa na rodovia porque "os caminhões as jogam longe"..etc...etc.

Cara, me perdoe, mas essas ideias são ridículas. Essa desculpa você pode dar para aquele seu colega de trabalho nerd que nunca andou numa moto, para mim não. Você trocou de moto não pela segurança, mas pelo tesão (isso sim é justificável).

Toda e qualquer ultrapassagem é perigosa (e aqui um detalhe, na 250 a gente tende a ser bem mais cuidadoso nessas horas, a gente não se expõe tanto).

Se você andar a 120, 130 numa moto, me perdoe a expressão, mas você é um idiota completo. Se você precisa atingir essa velocidade para ultrapassar isso significa que aquela ultrapassagem está errada.Vai se matar, ou pior, matar uma família (e isso é questão de tempo, pois na moto basta uma pedrinha, um vento e já era). Mesmo que você seja O CARA, o THE DOCTOR, a moto pode pifar, um buraco aparecer, uma pomba esbrolar sua cabeça.

Correndo você não estará aproveitando o que a moto tem de melhor que é a paisagem, a liberdade, o sossego.

Quanto aos caminhões há técnicas de pilotagem defensiva para isso. Nada de andar colado, nada de 
ultrapassar pertinho. Acesse o youtube, lá tem cursos e mais cursos que farão você e sua 125 devorarem estradas até o Curdistão sem serem incomodados pelos caminhões.

Concordo que cada um tem um prazer diferente - uns de bigtrails, outros de esportivas, outros de custom. 

Mas um idiota será sempre um idiota, e andar nas rodovias e nas cidades acima do limite de velocidade permitido não é um prazer, é uma babaquice, egoísmo, falta de respeito, de noção do outro.

Nada contra quem gosta de velocidade, mas se a sua tara é correr, alugue um autódromo. Tu não é o cara? o HOMEM de sucesso da CB1000?, então, tire o escorpião do bolso, e faça uma pista particular.

Uma moto maior não é mais segura que uma menor. Nem pelo tamanho, nem pela cilindrada, nem pela "tecnologia embarcada".

Há motos de 300 cilindradas com ABS, então, não me venha com esse papo furado. E, se você é um cara que depende de "tecnologia embarcada" para se sentir seguro em duas rodas...sinto muito...ande de avião. 

A segurança não está na moto, mas na forma de a guiar.

Compre sua Té66 porque ela te DÁ MAIS TESÃO, e não porque ela é "melhor".

9. Versatilidade

É apenas um argumento marketeiro quando falamos de moto. Não há nenhuma que faça tudo muito bem, ou tudo muito mal. Esqueça isso ou você vai se sentir enganado assim que embolsarem seu dinheiro.

Olhe à sua volta, você já se perguntou qual o motivo de haver tantas motos diferentes? Porque para cada uso há um produto correto.

"Ah, mas na Duas Rodas desse mês está escrito que a Versys é mais versátil que a V-strom". Filho, não seja um "pia de prédio". Não demonstre que foi "criado pela avó", ou que sua bebida preferida é "leitinho com pera". Há muita diferença entre as verdades da revista, e a de você em cima de uma moto. Ver a Playboy é uma coisa, mas transar com a coelhinha é bem diferente.

10.Tamanho é documento.

Pode chiar, pode reclamar, dizer que é "O CARA", o "HABILIDOSO", e na sua mão a teneré660, v-strom, e cia, comportam-se muito bem no trânsito pesado. Isso não é verdade.

Achei muitos que diziam assim: "com o tempo você se acostuma e o tamanho não atrapalha em nada". Só que uma moto grande nunca diminui de tamanho, ela não encolhe.

Há lugares em que ela não vai passar (isso é fato, é a lei da física). Há vagas nas quais ela não vai caber (isso independentemente da habilidade do piloto). Se você tem amor à suas dilmas, vá por mim, se UPAR, por UPAR, chegará o momento em que você pensará: "poxa...paguei um dinheirão nessa moto e ela não consegue me levar ao trabalho com a mesma facilidade da outra", ou: "ahh se eu estivesse com a 250 passaria ali nesse corredor...colocaria ali nessa vaga".

Nesses momentos dizemos para nós mesmos: é o "preço de ter a moto grande". Mas a gente não tem moto para "pagar preço" e sim para se divertir, para trabalhar, para ir ao mercado. Cada macaco no seu galho (por isso a importância do item 1).

Então amigos, sua futura Té66, v-strom, transalp, etc. jamais terá a mesma ginga, a mesma malevolência, a mesma esperteza da sua Té250, ela jamais será sua CG cargo.

Você sentirá saudade da pequenina.

11. Moto grande não é para dar voltinhas.

Pode falar o que quiser, mas se você pegar sua Té660 para dar um rolezinho no domingo, ir tomar um sorvete na esquina, ou enfrentar o trânsito de SP, sua perna vai queimar de tão quente que a moto fica. Isso não é defeito, isso é uma característica de motos de média-alta cilindrada (o pessoal das Harley que o diga).

Motos maiores mostram seu valor acima dos 70km/h. Abaixo disso, você e sua patroa vão sentir um tremendo desconforto - não me venha com o blablabla de dizer que já se acostumou. Se você se sente confortável com isso, pule numa frigideira.

12. Moto Grande não é para fazer trilhas.

Não vou me alongar muito, só volto ao primeiro tópico: moto grande não substitui uma pequena. Eu mesmo enfrento grandes desafios em OFF com minha Té, mas ela não é tão ágil como uma Lander. O fato de eu ter pago duas vezes mais por ela não a torna apta a fazer coisas para as quais há outras indicações.

13. Moto grande dá mais despesa.

Isso pode parecer muito óbvio, mas eu já vi, e tenho certeza que você também já viu alguém andando de Hilux e reclamando do preço do seguro. Alguém andando de Audi reclamando do preço do IPVA, ou do preço da gasolina.

Bom, isso é muito chato. Isso é ridículo.

Há um mito grande em torno das bigmotos que é a manutenção. Mas a manutenção básica das motos não varia muito não. Faço as duas 250, 660 ao mesmo tempo, e a diferença não é muito grande.

Agora, as peças, essas sim, têm preços diferentes.

O custo para se manter uma moto geralmente acompanha o custo de comprá-la. Ficar espantado com o preço da pastilha de freio da GS1200 é algo para quem anda de Biz100.

Não se pode comparar "peças" da Fulana com a da Cicrana (cada um no seu quadrado). Se você acha injusto que a pedaleira da GS800 custe 40 vezes mais que a pedaleira da Té25, ande na GS e você não vai mais reclamar. Coisas diferentes, preços diferentes.

Então antes de "upar", saiba que sua vida vai mudar radicalmente.

Aquele retrovisor de 15 reais não te pertence mais. 35km/lts não mais fará parte de sua realidade.

Não quero te ouvir reclamando do preço dos baús laterais.

Compre a moto, mas saiba que os acessórios acompanham o preço.

Nunca vi moto nenhuma vir completa de fábrica.

Para "upar" em grande estilo guarde dinheiro não só para comprar a moto, mas para deixá-la sempre perfeita, do jeitinho que você sonhou.

Você vai se frustrar se não juntar dinheiro suficiente também para as peças e acessórios - porque uma das graças do quebra-cabeça é ir montando.

CONCLUSÃO:

Depois de tudo o que eu te disse você deve estar pensando: “Poxa...esse cara está me recomendando a ficar para sempre com minha 250.”

Definitivamente NÃO.

Você não só pode, como deve subir de máquina, mas pelos motivos, e no momento correto.

Deve "Upar" por TESÃO, isso mesmo....tesão, e não porque isso vai "resolver todos os seus problemas". 

Subir de categoria não é O OBJETIVO, é o MEIO de você realizar sua vocação motociclística.

Andar de Teneré660 para mim é uma delícia. É a realização de um sonho de infância. Nas rodovias, e nas estradas de terra ela é inigualável. Aquela força bruta, aquele ronco, aquele vento, aquele azul.....para mim isso não tem um "custo", um "preço", tem um "valor" que não se aufere em dinheiro.

Graças a anos de dedicação ao estudo e ao trabalho eu consegui manter as duas.

Porém, se eu tivesse que me desfazer da Fazer250 em troca da Té660 acho que não conseguiria estar plenamente satisfeito. Sinceramente, teria jogado meu dinheiro fora, porque no caos do trânsito da cidade, do mercado, do trabalho, a pequenina é insubstituível - assim como a Megatron em outros.

Pense em tudo isso, se eu conseguir evitar decepções futuras ficarei satisfeito.”
Texto original aqui:

Tem algumas coisas aí que não concordo completamente. Mas a base é essa.

Veja qual sua “ascendência motociclística”, dentro dela qual moto conseguirá fazer tudo que você quer e foque nela. Quanto menos degraus, menos dinheiro perdido. Pra escolher a moto ideal, siga as dicas do amigo aí.

Se mesmo assim, o tesão apontar pra outro lado, lembre-se que só não existe jeito pra morte (por enquanto), e que dá pra modificar praticamente tudo. Seja bem vindo ao time dos loucos.

Trabalhamos em empregos que não suportamos, para comprar coisas que não necessitamos, para impressionar quem não gostamos” Tyler Durden

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